Eu aprendo rápido, amor, os movimentos da nossa paixão, o momento certo para o entrecorte das nossas respirações. Eu sei as palavras nas entrelinhas, por excelência, escondidas, os perigos inerentes a amar-te, os riscos por te ter. Quantos esqueletos guardas no armário, o sofrimento agarrado às vísceras ensanguentadas.
Aprende que eu sei tudo menos ouvir a tua alma. E isso só não sei porque não a tens, porque te livraste dela, porque fugiste dela.
Embarco neste rio que são os teus braços, infinitos, sem cais, sem porto. Poluído de mágoa, de ressentimentos. De remorsos por me teres deixado ir, cair, falecer, no clímax de tantos gestos falhados.
Inútil, é o que me chamas. Inútil, é o que tu és. Um inútil vagabundo nas ruas sujas da baixa de uma cidade qualquer sem nome, que me deixou partir, à deriva, alheia a emoções tuas, a palavras minhas. Inútil por não me teres posto a mão no ombro enquanto eu estava de costas, ainda perto de ti, a alucinar por uma ilha, um destino, puxando-me bruscamente até me virares, para te ver só a ti, amor, sem hipóteses. Sem ruelas por onde escapar, sem becos onde me esconder.
Sem alma, também eu.
3 comentários:
Tão amorosa :P
Muito bom o texto e...o sentimento.
beijo
lindo texto.
Parabens pelo blog. Muito bom.
Maurizio
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