Não há nada mais forte que o estrondo de dois corpos a caírem, suados, na suavidade branca de um lençol sujo de prazer. É caírem assim, leves, delicados, envoltos, ao som nostálgico da chuva a bater, pesada, no chão da rua. O mergulhar num silêncio ensurdecedor, só de espasmos, para ver o real no irreal.
Se é só o pecado que nos deixa soltos, de mão aberta para receber o frio, o calor, a neve e o ferver, então que vivamos só de pecado: atirar-me-ei para o vazio que és tu na esperança precária de algo mais envolvente. Se me podes dar o gosto salgado de uma pele por percorrer será tolice não experimentá-la por uma mera questão de princípios.
Peço-te apenas que não me largues enquanto eu atravesso a ponte que nos separa. Continua, pelo menos a fingir que estás no último andar do prédio e que não deixas que ninguém desate a corda que faz de meu caminho. Quais funâmbulos, quais quê?! Não existe funâmbulismo no pecado.
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