25 de setembro de 2014

Peito cheio

Crescemos. Crescemos tanto em tantos anos que parece que vivemos uma eternidade. Era inevitável - meti-me a ver fotografias antigas - eu, que vocês sabem que sou o verdadeiro baú das recordações. Percebi que passamos de crianças a adultas sempre junto umas das outras, e com muitas memórias para nunca nos esquecermos. Festejamos e rimos muito, e em cada retrato da nossa história a plenitude da felicidade reluz nos nossos olhos, às vezes mais sóbrios do que outras. Temos qualquer coisa, uma essência, uma união, uma fraternidade. Somos um círculo dourado, uma aura brilhante, qualquer coisa superior e imaterial. 
Vivemos juntas muitas brincadeiras no recreio da escola, muitos arranhões e nódoas negras nas canelas. Até vivemos dentes partidos e papas de farinha. Partilhámos o sucesso do primeiro beijo, o primeiro gole de cerveja, o primeiro cigarro, as primeiras noites fora de casa, as primeiras festas, a entrada na faculdade, a vida académica ao rubro, os cafés na pressa de ir embora ao domingo e o sabor da chegada à sexta-feira para mais um fim-de-semana de loucuras. Partilhámos copos vazios na madruga, festas da aldeia até de manhã e o stress infinito de ter muita coisa para viver e pouco tempo para isso. Por outro lado também estivemos juntas em momentos de muita dor, nunca vergámos a nada que nos tentasse perturbar, juntas afastámos inimigos e curámos dores de coração. Nenhuma palavra vai ser alguma vez suficiente para descrever tudo isto.
Hoje, somos mulheres. E somos todas mulheres extraordinárias, cada uma à sua maneira, autónomas, de bom carácter. Esta é a tua vez, mas é também a nossa vez. O que aí vem também é nosso, porque também é da nossa responsabilidade fazer com que outro alguém um dia olhe para trás e se orgulhe tanto de nós como nós nos orgulhamos de nós próprias. Somos a tua muralha de aço, e estamos todas tão felizes!

Nós, 2009

1 comentário:

Ana Tapadas disse...

São mesmo muito bonitas!
bj