1 de agosto de 2013

Do Amor e do Silêncio

Já fiz inúmeras reflexões sobre o amor, mas a única conclusão a que consigo chegar é que o amor é o silêncio. O amor é esperar pacientemente por um ruído, aprender a ouvir-nos confortavelmente por dentro, sem sobressaltos nem preconceitos. Tal como o silêncio. Enquanto o mundo se cala e a atmosfera se renova sem sobressaltos, somos só nós connosco mesmos: o silêncio, o amor. Carregar no peito um ser que sabemos inevitavelmente fatal a longo prazo, mas que permanecerá intocável quando o nosso corpo repousar finalmente no mais longo dos silêncios. O amor. Resta o amor, nesse silêncio inquebrável e baço, tão frágil quanto um vidro. O amor resta-nos sempre, na eternidade, porque, tal como o silêncio, jamais desaparecerá. Por isso, na inércia dos nossos pensamentos reside sempre esse sentimento maior que nós.
Soube que te amava no silêncio. Soube que o meu coração me subia em flecha até ao cérebro quando, no silêncio, percebi a impotência da minha vontade perante as tuas mãos entrelaçadas nas minhas. Vivemos sempre confortáveis no silêncio das nossas lágrimas, dos risos, das discussões mudas e dos olhares perdidos. Calavamo-nos frequentemente para nos perscrutarmos mutuamente no vazio de uma conversa de olhos e bocas e mãos. Ainda hoje vivemos nesse silêncio inquebrável, e porque as respostas nunca foram dadas, só posso aferir que ainda nos amamos. 



Elevador de Santa Justa, Lisboa 2013



3 comentários:

Ana Tapadas disse...

Como descobriu o valor inefável do silêncio, devo passar a considerá-la Adulta!

Beijinho

Mar Arável disse...

Tudo se move
tudo se conquista

Ana Tapadas disse...

Exactamente como diz o meu amigo...
A ver se temos aqui mais uma actualização...

Beijinho e boa entrada!