26 de maio de 2011

Retratos Profundos

Achei-me vagamente, algures nesse teu meio sorriso. Olhar fixo e doçura inerente, não sei bem o que vês - tenho para mim que, perdido por esse corpo adentro estão tumultos desgarrados que te fazem contorcer à vista desarmada da minha pessoa.
Não posso olhar-te por dentro, como nem Blimunda fazia a Baltasar, posso entretanto tocar-te com a simplicidade de um carinho e o peso de uma perna sobre o colo.
Devagar lá me vais amando, tornando-me cada vez mais tua e, sem qualquer tipo de complexo que derive de uma mente mais conservadora, deixo-te entrar por minh’ alma dentro desacreditada nos esqueletos abandonados, às tantas, a uma qualquer esquina recôndita.
De Humanos que somos, há uma sombra que nos oculta a mesquinhez que nos é própria. De Humanos que somos, há um olhar ofuscante que afoga o desejo que nos consome. Por fim, de Humanos que somos, há um beijo que sobressalta aquilo que de mais puro reside em nós.

Fortaleza de Sagres (2011)

7 comentários:

Ana Tapadas disse...

Ah pois e em pano de fundo o Saramago...
Uma fotografia soberba.
Beijinho

Rolando Palma disse...

De forma consciente ( ou não ) por vezes fotografamos o interior... apontando para o exterior. mas isto sou eu a divagar, olhando para a forma que quase se desenha, naquele tunel escuro...

Tudo de bom para ti,

vieira calado disse...

Sim senhor!

O texto é muito bonito!


Bjsss

Ana Tapadas disse...

Venho aqui dar um apoio e dizer que eu não esqueço nunca as manifestações de afecto.

beijo

R. P. disse...

Enviei-te um email a respeito da pergunta que me fizeste no meu blogue, Livros2011Usados, sobre o Herberto.
Pena que se não possa seguir-te, porquanto tenho um outro blogue de contos, que intentarei escrever mais agora depois de se ter findado o ano.

P disse...

Andei por aqui a ler, com mtuio gosto.

vieira calado disse...

Olá, boa noite!

Vim inteirar-me das últimas postagens.

Deixo saudações poéticas1