Abracemos aquilo que nos une. Eu faço-te torradas com mel e leite com café pela manhã e levo-tas à cama, com a tua t-shirt vestida e os cabelos desgrenhados. Enquanto isso, tu ficas inerte na cama, a contemplar o tecto e a tentar decifrar o mistério que envolve o teu amor por mim. Eu faço o mesmo na cozinha, assumindo que não te consigo deixar senão ficas sem alguém que te penteie o cabelo quando sais do banho, que te arranje a gola do casaco e te agarre a meio da noite.
Balanço-me infantilmente na cama, de pernas dobradas e camisola a tapar os joelhos, enquanto tu comes. Fumo um cigarro, imóvel (dispersa), pequena - consigo olhar para ti horas a fio. A cinza cai e mancha-nos a cama. Não brigas - há mais coisas para fazer - ao invés disso metes de lado o pequeno almoço e puxas-me para ti, de forma a teres-me frágil nos braços. Envolves-me nessa aura de amor-paixão, despes-me a pouca roupa que me separa de ti e ofegas-me ao ouvido.
Um espasmo finaliza a entrega de um a outro e dá razão a esta doença que não nos larga - nem a mim, nem a ti.
Hungria 2003
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