3 de janeiro de 2009

New start


Abriu os olhos quase a medo e levantou-se. Um clarão forte de luz, vindo da janela aberta, ofuscou-lhe a visão, e, como se estivesse programado, voltou a cair no chão. Soltou um gemido imperceptível ao bater com o corpo no soalho duro. Sentiu um ardor amargo subir-lhe à garganta, olhou para o braço - estava inchado e negro. Deixou cair a cabeça no tapete, como se tivesse desistido de viver, mas quase maquinalmente estremeceu.

   
Tudo que sou não é mais do que abismo
Em que uma vaga luz
Com que sei que sou eu, e nisto cismo,
Obscura me conduz.
Um intervalo entre não-ser e ser
Feito de eu ter lugar
Como o pó, que se vê o vento erguer,
Vive de ele o mostrar.
Fernando Pessoa

1 comentário:

Ana Tapadas disse...

Até amanhã!
Beijinho