21 de julho de 2010

Defeito

São olhos que gritam mudos quando o nosso olhar se cruza a ferver; é paixão que expiramos quando ofegamos contra o peito um do outro e de dor que falamos quando julgamos caber os dois apenas num só corpo.
A campainha toca, mas os lençóis não nos dão tréguas; a cama cede, mas nunca perdemos o ritmo alojado neste calor demente das peles arrepiadas. Tem sido assim desde que tu, num ímpeto, decidiste amar-me e eu, nesse subtil embalo, decidi amar-te também.
É natural que nos percamos, que nos desfaçamos. É natural que enlouqueçamos, que nos matemos. Mas nada disso importa desde que os teus dedos continuem a encaixar nos meus, que os soltem mais tarde para me percorrerem perigosamente, que destilem em mim ou me derretam.
Vão sempre haver dois receios em nós: o de ganhar e o de perder, mas ambos culminarão na derradeira tragédia de nos amar-mos.

1 comentário:

Maria disse...

está... lindo :)