19 de março de 2010

Sustento-me à porta da tua casa, o meu corpo preenche o arco vão que persiste, e eu quero-te em plena força. Devagar, retiro peça a peça, a roupa que trago e fico quieta, à espera que reajas.
Vejo-te em fúria, agarrado a pequenos pedaços de consciência, e investes contra mim. Fechas a porta e atiras-me contra a parede. Magoas-me a pele com o ferver dos teus poros, esmagas-me na cal branca e monótona. Humedeces-me o ouvido com rajadas de ar quente suspiradas, por entre espasmos, e perdes-te dentro de mim, à espera que algo aconteça.
Depois largas-me, perdoas-me todas as fraquezas, dás-me um estalo e inventas um novo amor por mim.

Se há alguma coisa que me cansa todos os dias, é esta pré-disposição do meu corpo para te amar tão exaustivamente.

1 comentário:

Ana Tapadas disse...

Mais um texto forte. Sei que um dia suavizará...
Beijinho (e serenidade)