Estou cansada. Tenho o corpo dorido e sinto os músculos fracos, do tanto que gostar de ti me exige, para no fim a única recompensa ser um punhado de palavras sem sentido, um total gesto falhado. Não se atira assim sem aviso com qualquer frase, quando ainda não se tem o devido distanciamento entre o racional e o emocional.
Eu fico desarmada, à mercê daquilo que me dizes, e não tenho coragem de virar a cara a um amo-te, ainda que irrevertivelmente insensível. O pior é que eu sei que sou bem capaz de embarcar nesse barco, e rumar por aí, até chegar ao porto do Inferno, onde sei que não me amas mas simplesmente não sou capaz de não te amar também. Quem me vai lá buscar é sempre outro como tu, que me traz de volta à Glória, mas que me volta a levar ao porto de onde me veio buscar, o do Inferno. E cada vez penetro mais esse mar, tanto que já sei algumas armadilhas, mas não desisto, acabo por voltar lá e remar cada vez mais para dentro, sem ter em conta o prévio aviso de que a densa névoa engole sempre primeiro o que vai à frente - só para dar tempo ao de trás para fugir.
1 comentário:
Bom texto!
Sonhe com Coimbra, sonhe!
Bj
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