5 de outubro de 2010

O mistério da estrada de Sintra

Vi o Mistério da estrada de Sintra. Um filme de Jorge Paixão da Costa realizado em 2007, adaptação da primeira narrativa policial portuguesa, de Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão.
Não li o livro e portanto sem nenhuma base para comparação, limito-me apenas a avaliar aquilo que vi. Com um argumento fantástico, estabelecendo um paralelismo perfeito entre o percurso dos escritores até ao final do livro e o próprio desenrolar da história, em que a alta sociedade servia de inspiração a, principalmente, Eça de Queiroz, satirizada e exposta negativamente, acabou por me desiludir a caracterização dos personagens e os próprios cenários.
Visualmente tudo parecia plástico, falso e encenado, não me consegui situar cronologicamente em 1870 como era suposto. Deu-me a percepção de que era um território irremediavelmente desconhecido e que até mesmo os actores não transpareceram a visão correcta.
Ao argumento nada aponto e achei especialmente interessante a veia romântica patente no personagem de Ramalho Ortigão, sempre mais cauteloso e menos explosivo que Eça de Queiroz. Inclusive até uma certa cobardia e receio próprio de quem, anteriormente tinha sido um servo da pátria e um "lambe-botas" da sociedade.
O resultado final é um Eça resolvido com a vida, mais coerente e um Ortigão mais solto. Se, de facto, tudo se passou assim e o filme retrata exactamente aquilo que foi escrito, então os meus parabéns.


Luísa e Capitão Rytmel - O Mistério da estrada de Sintra



P.S - Curiosamente grande parte das mulheres criadas por Eça de Queiroz têm o nome de Luísa, tem alguma explicação em particular?

2 comentários:

Ana Tapadas disse...

Chegou a hora de ler o livro. Sei que vai gostar e ajuda a entender um Eça que a Escola reduz a OS MAIAS.
Beijinho

vieira calado disse...

Não li o livro nem cabia que existia.

Obrigado.

Bom resto de fim de semana.